RISCOS EMERGENTES EM 2025: UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO

18º Relatório Anual de Riscos Emergentes, conduzido pelo Society of Actuaries Research Institute e pela Casualty Actuarial Society, analisa as ameaças que moldam o futuro das empresas e mercados. Em 2025, riscos ambientais, tecnológicos e geopolíticos ganham protagonismo, exigindo abordagens integradas para modelagem atuarial e precificação de riscos em um cenário global volátil.

A pesquisa, realizada em novembro de 2024 com 201 participantes, majoritariamente da América do Norte, avaliou a percepção sobre os riscos mais relevantes. Ao longo dos anos, esse estudo tem se consolidado como uma ferramenta valiosa para antecipar cenários adversos e aprimorar a gestão de riscos.

Um dos principais achados do relatório é a ascensão dos conflitos geopolíticos como grande fator de preocupação. O prolongamento da guerra na Ucrânia, as tensões no Oriente Médio e a instabilidade em outras regiões afetam cadeias globais de suprimentos e fragilizam a governança de diversos países.

Os riscos econômicos, por outro lado, apresentaram uma tendência de recuo, refletindo o otimismo com a recuperação global. A queda da inflação e a flexibilização das políticas monetárias reduziram preocupações com volatilidade financeira. No entanto, o relatório alerta que a estabilidade econômica ainda é frágil e exige monitoramento contínuo.

A fragmentação geopolítica e as mudanças nas relações comerciais internacionais também impactam a modelagem atuarial, afetando fluxos de capitais, políticas fiscais e oportunidades de investimento. Empresas de seguros e resseguros devem considerar essas variáveis para avaliar riscos com precisão.

Mudanças Climáticas e Impactos no Setor de Seguros

Embora as mudanças climáticas continuem entre os principais riscos, perderam parte do protagonismo em relação a anos anteriores. A frequência crescente de eventos extremos, como furacões e incêndios florestais, pressiona setores como seguros patrimoniais e agrícolas. Atuários precisam recalibrar modelos para refletir essa nova realidade e incorporar regulamentações ambientais emergentes.

A convergência entre riscos ambientais e geopolíticos também se intensifica. A escassez de recursos naturais, especialmente água e energia, pode desencadear crises políticas e sociais, exigindo uma abordagem holística que considere impactos financeiros, sociais e ambientais.

 

Tecnologia, Inteligência Artificial e Cibersegurança

A rápida evolução da tecnologia disruptiva, especialmente impulsionada pela inteligência artificial (IA), emergiu como um dos riscos mais críticos. A automação de processos e o uso de algoritmos sofisticados podem gerar falhas sistêmicas se não forem adequadamente monitorados. Além disso, a crescente dependência da IA na tomada de decisões amplia desafios de governança e controle de riscos operacionais.

A cibersegurança é apontada como o principal risco associado à IA. O aumento da sofisticação dos ataques digitais e a vulnerabilidade das redes empresariais exigem novos modelos de proteção. A manipulação de informações, incluindo deepfakes e desinformação automatizada, agrava ainda mais esse cenário.

Outro desafio é a falta de transparência e o viés algorítmico nos sistemas de IA. Modelos treinados em bases de dados distorcidas podem reforçar desigualdades e comprometer decisões estratégicas. Setores altamente regulados, como finanças e seguros, demandam regulamentação rigorosa e auditoria constante dessas ferramentas.

A governança do risco tecnológico dentro das organizações ainda é fragmentada entre departamentos como Tecnologia da Informação, Compliance e Gestão de Riscos, evidenciando a necessidade de uma abordagem integrada.

Impactos Demográficos e Governança Corporativa

O envelhecimento populacional e a mudança no perfil dos consumidores impactam diretamente setores como previdência, seguros de vida e saúde. A adaptação a essa nova realidade exige ajustes na modelagem atuarial para garantir sustentabilidade financeira a longo prazo.

Além disso, a governança corporativa se torna essencial para mitigar riscos emergentes. Transparência, conformidade regulatória e boas práticas de gestão aumentam a resiliência das empresas diante de crises.

A Interconexão dos Riscos e o Papel dos Atuários

As interações entre riscos econômicos, geopolíticos e tecnológicos impõem desafios adicionais à gestão atuarial. Modelos tradicionais precisam ser adaptados para contemplar cenários complexos e multivariáveis. A inteligência artificial pode ser um diferencial competitivo na simulação de riscos, desde que seja aplicada com critérios rigorosos.

 

A volatilidade dos mercados exige que atuários considerem políticas monetárias, ciclos econômicos e estabilidade cambial em suas projeções. A precificação de ativos e a definição de reservas técnicas devem equilibrar riscos de curto prazo e tendências de longo prazo.

A transformação do setor de seguros demanda inovação na formulação de produtos e na alocação de capital. Seguradoras que adotam inteligência artificial e análises preditivas conseguem identificar riscos com mais precisão e oferecer soluções mais eficientes.

Mais do que precificar seguros, a análise atuarial é uma ferramenta estratégica para mitigar impactos financeiros e operacionais em diversos setores. O monitoramento contínuo dos riscos globais permite decisões mais assertivas e maior resiliência empresarial.

18º Relatório de Riscos Emergentes evidencia que, apesar do otimismo econômico, os desafios impostos pela transformação digital, mudanças climáticas e instabilidades geopolíticas exigem atenção constante. Empresas que adotam uma gestão de riscos baseada em dados e modelagem avançada terão maior capacidade de adaptação e competitividade.

Nesse contexto, a evolução das metodologias atuariais se torna indispensável. A combinação de análises estatísticas, modelagem preditiva e inteligência artificial permitirá um entendimento mais profundo dos riscos e a formulação de respostas ágeis e eficazes.

Por fim, a interdependência dos riscos globais reforça a necessidade de colaboração entre especialistas de diferentes áreas. Atuários, economistas, engenheiros e reguladores devem atuar de forma conjunta para desenvolver soluções inovadoras e mitigar incertezas.

A mensagem central do relatório é clara: em um mundo cada vez mais dinâmico, a capacidade de adaptação e antecipação será o grande diferencial para empresas e profissionais da área de gestão de riscos. Atuários, seguradoras e investidores devem se preparar para um futuro onde a única certeza é a incerteza.

 

 

 

 

 

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